Em 1926, Le Corbusier formula os cinco pontos que se tornariam os fundamentos para a arquitetura moderna. Concretizados em 1929 no emblemático projeto da Villa Savoye, os atributos apresentados por Corbusier — pilotis, planta livre, fachada livre, janelas em fita e terraço jardim — foram muito explorados na produção arquitetônica modernista e até hoje estão presentes nos mais variados projetos de arquitetura contemporâneos.
Os cinco pontos se tornaram uma espécie de diretriz para a “nova arquitetura”, como anunciava Corbusier. Com o passar das décadas, as novas tecnologias, materiais e necessidades da sociedade continuaram e continuam a atualizar aquelas soluções arquitetônicas prenunciadas há quase um século como rumos para uma nova arquitetura.
Em muitos projetos de arquitetura das últimas décadas, é possível notar a presença de pelo menos um dos cinco pontos. Quando mais de um deles — ou ainda, todos os cinco — são utilizados em um mesmo edifício, o caráter inter-relacional que esses pontos apresentam entre si é retomado e a herança modernista na produção arquitetônica atual é, em certa medida, reafirmada.
A partir de 20 projetos contemporâneos publicados no ArchDaily, apresentamos os cinco pontos da arquitetura em novas configurações e contextos. Confira:
Pilotis
A elevação do edifício em relação ao solo, realizada por meio de pilotis, libera o pavimento térreo para a circulação de pessoas e automóveis. Esta solução essencialmente moderna é empregada ainda hoje como forma de promover um espaço livre com maior conexão entre o espaço público da rua e o espaço privado do edifício.
MAR – Museu de Arte do Rio / Bernardes + Jacobsen Arquitetura
Escritório Sede da AGC Glass Europe / SAMYN and PARTNERS
Edifício de escritórios ABW / RB Architects + Lang Benedek Associeted Architects
Unisociesc Bloco H / Metroquadrado
Planta livre
A independência entre estrutura e vedação comum nas plantas modernas permitiu a chamada planta livre, em que os espaços internos do edifício se tornam mais flexíveis e articulados entre si. Esta característica tem ligação direta com a previsão de mudanças futuras na edificação, como ampliações, mudanças de posicionamento de elementos divisores de ambientes, entre outros.
Casa Lilla Rågholmen / Arrhov Frick Arkitektkontor
Entre Estufas / J.R Architects
Ágora Tech Park / Estúdio Módulo
Edifício MGV / +arquitectos, Gubbins Arquitectos
Fachada livre
A separação entre estrutura e vedação possibilita, além da planta livre, uma fachada com maior liberdade para posicionamento das esquadrias. Assim, as paredes, não desempenhando uma função estrutural, podem permitir também a instalação das janelas em fita, mais um dos cinco pontos para a nova arquitetura.
Residência Badari / Cadence Architects
Cidade do Livro de Paju / Stan Allen Architect
Centro de Artes de Qujiang / gad
Centro de Exposições do Vale da Inteligência de Gongshu / E+LAB
Janelas em fita
As janelas em fita são aberturas generosas que ocupam boa parte da fachada do edifício, proporcionando, assim, mais iluminação nos ambientes internos e vistas panorâmicas do exterior. A variação no tipo e posicionamento das esquadrias são alguns exemplos de variação da janela em fita nos projetos contemporâneos.
Villa Oreveien / Lie Øyen Arkitekter
Edifício Empresarial da 512 West 22nd Street / COOKFOX Architects
Renovação do Jardim Infantil Tales CBD / Spacework Architects
Edifício MicroCity Het Platform / VenhoevenCS
Terraço jardim
O terraço jardim, teto jardim, ou ainda, telhado verde, é uma cobertura habitável, uma inovação frente aos telhados tradicionais. Nas últimas décadas, os terraços jardins se tornaram muito populares e o avanço nos materiais e sistemas impermeabilizantes possibilitaram uma maior liberdade projetual para esta solução arquitetônica.